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Passei por ele sem cumprimentá-lo, como de costume e ódio. Sentei à mesa. Percebi que havia três xícaras dispostas e limpas sobre ela – de pai, irmã e... dele. Agora minha. Café no copo para o despertar completo do sono e leitura vespertinos. Enquanto o café esfriava a cozinha ganhava movimento e despertava junto. Antes natureza-morta. Chegava meu pai, irmã e... ao me ver ele voltou. Depois de tanto tempo de aversão, finalmente ele aprendeu que qualquer ambiente era pequeno demais pra nós dois. Uma lição proposta sem diálogos, teorias; na prática bruta, conforme os fatos. Que fique o primeiro. Meu pai foi convidá-lo à mesa novamente, ele poderia levar isso como uma razão mais forte para aceitar. E aceitou. Como se meu pai não tivesse a moral definhada e desbotada conforme o tempo e acontecimentos. E aceitou sem se sentar, apesar da cadeira estar totalmente à mercê. Sei que ela continuava fiel a mim, ao contrário de quem a pôs assim. Minha irmã colocou café pra ele, meu pai na insistência incômoda de sempre, enquanto ele ficava rodando pela cozinha à procura de um lugar mais confortável do que à mesa. Ouço meu sobrinho chamar meu nome, ou umas vogais dele, isso fez meu ódio ficar em segundo plano automaticamente. Era a brecha que ele precisava, e sentou aliviado. Na mesma mesa. Bebi um gole de café e finalmente fui para o quarto. Pode ter se sentido um vencedor, um vencedor ignorado, desgraçado, fraco e pequeno. Não hoje, não aqui, mas há de chegar o momento de eu enfim me dar por vencido: ver a pele dele encolhendo, rente ao osso a cada jorro de sangue liberto, tornando-o vermelho, pelo avesso. Dissolver aquele tom com querosene, e fogo.